terça-feira, 27 de maio de 2014

Breves questões realizadas ao Sr. Secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos


 
1. Enquanto titular de uma pasta como a sua, quais os maiores problemas ambientais que tem que enfrentar?

 A agenda de política de ambiente é ampla e complexa. Existem múltiplas temáticas como a gestão dos recursos hídricos e do litoral, os resíduos, a qualidade do ar ou o ruído, bem como as alterações climáticas, seja na perspetiva da adaptação ou da mitigação de emissões de CO2. A transversalidade das questões ambientais tornam especialmente relevante a ligação com a economia, a energia ou até a saúde pública. Estamos constantemente a evoluir do ponto de vista de conceitos e paradigmas, desde o desenvolvimento sustentável, o crescimento verde ou a economia circular. No fundo enfrentamos o desafio de termos de criar riqueza e emprego com menor consumo de recursos, tornando o nosso modelo de desenvolvimento mais eficiente e resiliente.

2. O que podemos esperar, em matéria ambiental, nos próximos anos? Há muito para fazer?

Maior eficiência no uso dos recursos (energia, água, solo). Uma sociedade que emita muito menos gases com efeitos estufa e mais resiliente às alterações climáticas e menos dependente dos combustíveis fósseis. Uma economia que seja liderante na área das tecnologias verdes e ecoinovação. Melhoria da qualidade do ar e da água.




3. A nova Lei de Bases do Ambiente vem revolucionar a maneira de legislar em ambiente? Ou vem clarificar princípios e conceitos?

 A Lei de Bases do Ambiente na versão revista vem sobretudo aprofundar dimensões transversais e conceptuais. É mais uma evolução face a novas realidades (como as alterações climáticas) e conceitos do que uma revolução. É um diploma de grandes princípios e orientações, que serve de enquadramento legal e estratégico à política de desenvolvimento sustentável.



5. Qual a possibilidade de, no futuro, vir a consignar verbas oriundas de impostos ecológicos para a criação de fundos de compensação ecológica?

         Está em curso uma reforma da fiscalidade ambiental que vai nesse sentido.   O Governo decidiu rever a fiscalidade ambiental e energética, bem como promover um novo enquadramento, fiscal e parafiscal, através do desenvolvimento de mecanismos que permitam a internalização das externalidades ambientais. A Reforma da Fiscalidade Verde deverá assim contribuir para a ecoinovação e a eficiência na utilização de recursos, a redução da dependência energética do exterior e a indução de padrões de produção e de consumo mais sustentáveis, bem como fomentar o empreendedorismo e a criação de emprego, a concretização eficiente de metas e objetivos internacionais e a diversificação das fontes de receita, num contexto de neutralidade do sistema fiscal e de competitividade económica.






4. A Secretaria de Estado do ambiente tem a particularidade de tratar de assuntos cujos resultados se verificarão a longo prazo. Como é feita esta gestão?

Especialmente com base em instrumentos de planeamento que contribuem para a operacionalização de políticas. Ex. Roteiro baixo carbono 2050, Programa Nacional para as Alterações Climáticas 2020-2030. Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2020. Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais 2020. Temos procurado que, quer a elaboração quer a discussão pública destes documentos seja o mais participada possível dado que a política de ambiente só se faz com todos os cidadãos.


Paulo Cunha Matos


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